Vamos fazer um trabalho de português, todos terão que trazer uma poesia de sua autoria para a aula amanhã - disse a Professora.
Ele ficou a tarde inteirinha pensando nisso;
Ainda na escola pegou seu caderno para escrever o início, logo que tocou o lápis no caderno o sinal tocou, era hora de ir para casa.
Ele repetia e repetia em sua cabeça o que tinha que escrever, milhões de vezes para não esquecer (sua poesia era brilhante e mudaria a história com apenas cinco linhas). Criou uns versisnhos com melodia e a música decorou, até se achou importante por tanta "criatividade" e já estava pensando de quão orgulhosa sua mãe ficaria de ler o que ele tinha para escrever e como sua nota seria alta, além de ler para toda a turma o que fez falaria também a diretora, para toda a escola, para o presidente, para o mundo...
Preencheu tanto a cabeça com isso que quando chegou em sua casa os esqueceu e ficou muito tempo tentando lembra-los.
Decidiu então refazer o que tinha feito no caminho para ver se a memória voltava, mas quando logo os versinho, bem de mansinho, voltaram já era hora de dormir, e como era pequeno sua mãe não o deixaria nem se quer pedir para escrever. Foi então que teve a brilhante idéia de ficar recitando em sua mente as palavras até obrigar seu cérebro a projetar um sonho com tudo isso.
O cérebro sem saida o projetou, mas um pouco diferente do que o menino pensou. Sonhou com tudo o que tinha acontecido em seu dia, menos com os versinhos, que de birra por não serem escritos ficaram, só na lembrança de uma criança que perdeu a esperança de ser o maioral; talvez era isso mesmo que tinha que acontecer, sendo ou não, no outro dia o menino teve que escrever, seja lá o que fosse. Então escreveu assim (ainda com muita tristeza):
"Minha poesia ia ser
A mais linda, e poucas estrofes iria ter
Eu ia ser o maioral,
já estava até me achando o tal.
E agora escrevo qualquercoisa no lugar
Porque pelomenos cinco quero ganhar"
Ele ganhou um pouco menos (e ganhou apenas pela sinceridade), nem vem ao caso comentar, tadinho é de vocês que na curiosidade vão ficar.